PROTEACEAE

Roupala gracilis Meisn.

EN

EOO:

95,883 Km2

AOO:

32,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

A espécie é endêmica do Brasil, ocorrendo exclusivamente no estado do Rio de Janeiro (BFG, 2015). Seus registros indicam ocorrência restrita a dois maciços (Tijuca e Mendanha), usualmente entre 150 e 800 m de altitude, todos realizados no município e na região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro, respectivamente. Espécie encontrada nas expedições da “Campanha Procura-se” (P. Rosa et al. 772).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2017
Avaliador: Marta Moraes
Revisor: Raquel Negrão
Critério: B1ab(i,ii,iii)+2ab(i,ii,iii)
Categoria: EN
Justificativa:

Arvoreta de até 5 m de altura, ocorre em Floresta Ombrófila Densa, entre 150 m e 800 m de altitude, no município do Rio de Janeiro. Apresenta EOO=125 km², AOO=28 km² e está sujeita a cinco situações de ameaça. Embora encontre-se dentro de Unidades de Conservação no Parque Natural Municipal do Mendanha e no Parque Nacional da Tijuca, as principais ameaças à espécie são a expansão urbana na região do Parque Natural Municipal do Mendanha e os impactos não mensurados de atividades desordenadas de ecoturismo realizadas dentro e no entorno das áreas protegidas de sua ocorrência (Fernandes et al., 1999; Matos, 2007; Soares, 2008; Figueiró e Coelho Neto, 2009). Além disso, na localidade de Morro Queimado, no Parna Tijuca, os incêndios representam uma ameaça frequente que pode ser potencializada pela invasão provocada pela pteridófita nativa Gleichenia bifida (Willd.) Spreng., dominante na área, como observado em campo pelo projeto “Procura-se” (CNCFlora/JBRJ/SEA) (registro fotográfico). Em algumas localidades, a espécie só foi coletada nas décadas de 1920 e 1930, e não era documentada na natureza desde 1977, tendo sido recoletada pelo projeto “Procura-se” (CNCFlora/JBRJ/SEA), em 2016 na Floresta da Tijuca. Considerando as ameaças que incidem sobre as áreas e formações vegetacionais em que se desenvolve, estima-se que a espécie esteja sofrendo declínio contínuo da EOO, AOO e qualidade do hábitat.

Último avistamento: 2016
Quantidade de locations: 5
Possivelmente extinta? Não

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita na obra Flora Brasiliensis 5(1): 90. 1855. A espécie é conhececida popularmente como "carne de vaca" (BFG, 2015).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não existe descrito na literatura consultada nenhuma referência ao potencial valor econômico de R. gracilis. Entretanto, espécies do gênero Roupala, como por exemplo R. montana var. brasiliensis, possuem aplicações na medicina popular, sendo recomendada como cicatrizantes.

População:

Número de subpopulações: circa • 2
Detalhes: Com base nos registros de coleta, é possível suspeitar que R. gracilis possua duas subpopulações conhecidas, uma localizada no maciço do Mendanha (H. C. de Lima 72), região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro e outra no maciço da Tijuca (A.P. Duarte 4844), dentro do Parque Nacional homônimo. Não era documentada na natureza desde 1977 (H.C. de Lima 72), mas foi recoletada pelo projeto PROCURA-SE, em 2016 na Floresta da Tijuca (P.Rosa 800).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Luminosidade: esciophytic
Detalhes: Árvore ou arvoreta terrestre, ocorrendo em Florestas Ombrófilas Densas associadas ao bioma Mata Atlântica (BFG, 2015). A espécie foi descrita como semi-umbrófila (D. Sucre 8029), ocorrendo em solos secos (A.P. Duarte 4844).
Referências:
  1. BFG (The Brazil Flora Group), 2015. Growing knowledge: an overview of Seed Plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66(4):1085–1113. doi: 10.1590/2175-7860201566411.

Reprodução:

Detalhes: Coletada em flor nos meses de: janeiro (A.C.Brade 18790); março (P.Rosa 772); junho (Sleumer 69A); julho (H.C.Lima 72). Coletada em fruto no mês de março (P.Rosa 800).
Fenologia: flowering (Jan~Jul), fruiting (Mar~Mar)
Síndrome de polinização: melitophily
Polinizador: Usualmente, espécie do gênero Roupala são polinizadas por abelhas (Fernandez, com. pess.).
Estratégia: unknown
Sistema: unkown

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 4.1 Roads & railroads habitat past,present,future local high
Por ser situada em área urbana, a Floresta da Tijuca possui diversas estradas pavimentadas que causam efeito de borda e fragmentação da vegetação (Matos, 2007).
Referências:
  1. Matos, J.J.B.S., 2007. Composição Florística de espécies arbóreo-Arbustivas em trecho de borda situado no Parque Nacional da Tijuca. Monografia. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas habitat,occurrence,occupancy past,present,future local very high
A expansão da área urbana formal e informal da cidade do Rio de Janeiro sobre o maciço da Tijuca constitui o principal e mais antigo vetor de transformação da estrutura da paisagem. A ocupação espontânea do tipo favela ganha destaque pela característica peculiar de instalarem-se, geralmente, em lugares menos privilegiados em relação à probabilidade de problemas erosivos, como áreas de grande declividade no sopé de afloramentos rochosos (Fernandes et al. 1999).
Referências:
  1. Fernandes, M. do C., Lagüéns, J.V.M., Netto, A.L.C., 1999. O Processo de Ocupação por Favelas e sua Relação com os Eventos de Deslizamentos no Maciço da Tijuca/RJ. Anuário do Inst. Geociências - UFRJ 22, 45–59.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 10.3 Avalanches/landslides habitat,occurrence past,present,future local medium
O maciço da Tijuca teve grande parte de sua cobertura vegetal substituída por feições urbanas, em muitos casos favelas sem planejamento adequado, e áreas desmatadas, com invasão de capim colonião. Tais alterações na cobertura do solo contribuem para a modificação do comportamento hidrológico, criando condições favoráveis a um maior desenvolvimento de processos erosivos que causam deslizamentos de solo e assoreamento de canais fluviais (Fernandes et al. 1999).
Referências:
  1. Fernandes, M. do C., Lagüéns, J.V.M., Netto, A.L.C., 1999. O Processo de Ocupação por Favelas e sua Relação com os Eventos de Deslizamentos no Maciço da Tijuca/RJ. Anuário do Inst. Geociências - UFRJ 22, 45–59.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.3 Tourism & recreation areas habitat present local medium
O turismo é uma atividade muito intensa em toda a área do Parque Nacional da Tijuca (Soares, 2008). A intensificação do fluxo de veículos e pessoas e a proliferação de trilhas não planejadas e não monitoradas nas áreas de borda limítrofes ao Parque representam ameaças a espécie, já que alteram seu ambiente de ocorrência e o impactam de forma descontrolada através de turismo predatório e irresponsável (Figueiró e Coelho Netto, 2009).
Referências:
  1. Figueiró, A.S., Coelho Netto, A.L., 2009. Impacto ambiental ao longo de trilhas em áreas de floresta tropical de encosta : Maciço da Tijuca Rio de Janeiro - RJ. Mercator 8, 187–200. doi:10.4215/RM2009.0816.0015
  2. Soares, R.C.R. de S., 2008. Plano de Manejo do Parque Nacional da Tijuca.

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
A espécie possui registros dentro dos limites do Parque Nacional da Tijuca e do Parque Natural Municipal do Mendanha.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existe descrito na literatura consultada nenhuma referência aos potenciais usos de R. gracilis, especificamente; Matteucci et al. (1995) indica usos para a congênere R. montana var. brasiliensis, na marcenaria para confecção de mobiliário, torno, construção civil e naval, além de eixos e carpintaria.
Referências:
  1. Matteucci, M. B. A., Guimarães, N.N.R., Filho, D.T., Santos, C., 1995. A Flora do Cerrado e Suas Formas de Aproveitamento. Universidade Federal de Goiás. Anais Esc. Agron. E Vet., 25(1): 13-30.